14.04.2021- G1 Rio – Rio tem mais mortes do que nascimentos pelo 6º mês seguido, segundo dados do Portal da Transparência do Registro Civil

Os números são referentes ao mês de março na capital. Já no Estado do Rio, a diferença entre nascimentos e óbitos voltou a diminuir, chegando a apenas 7% no último mês. Em maio e dezembro do ano passado, o portal registrou uma inversão dos números no estado, com 16% mais mortes do que nascimentos.

Dados do Portal de Transparência do Registro Civil mostram que, por seis meses seguidos, o Município do Rio registrou mais mortes do que nascimentos.

No início da pandemia, em 2020, a capital fluminense contou mais mortos em abril e maio. De junho a setembro, os nascimentos voltaram a ultrapassar os óbitos, mas desde outubro há mais falecimentos do que recém-nascidos.

Somando os 14 meses de março de 2020, quando houve a primeira morte de Covid no RJ, até esta terça (13), o Rio tinha 76.541 nascimentos e 85.166 óbitos.

O cálculo foi feito comparando-se, mês a mês, o volume de atestados de óbitos e o de certidões de recém-nascidos. Veja os números detalhados:

O infectologista Bruno Scarpellini, professor e pesquisador na MedPUC Rio de Janeiro, aponta o aumento dos óbitos por Covid e a tendência de diminuição da natalidade no país como circunstâncias que explicam esse cenário.

“Um primeiro fato é que a taxa de natalidade já vem caindo no país há bastante tempo. Essa tendência de diminuição do número de nascimentos vem sendo observada e pode ter relação com questões econômicas”, explicou.

“E é uma tendência que se intensifica, porque as pessoas podem ter evitado ter filhos na pandemia. Pensando nas inseguranças, por gravidez ser grupo de risco, questões financeiras, dúvidas sobre o ambiente hospitalar e a infraestrutura médica”, emendou.

“Junto a isso, o que vemos todos os dias, esse aumento alarmante no número de mortes por Covid. Então a balança fica desestabilizada, e os números tendem a demonstrar isso”, afirmou Scarpellini.

O especialista fala ainda sobre as possíveis consequências disso para a população e para economia.

“O maior impacto é na pirâmide etária da população. E isso pode ter consequências no sistema previdenciário. Com muitos idosos e poucas pessoas na idade economicamente ativa, a contribuição tende a cair e gerar sérios problemas para o orçamento”, diz o epidemiologista.

A base de dados onde foi realizado o levantamento é abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do país.

A Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) cruza os números com os dados históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O economista Sérgio Besserman pontua, porém, que pode haver defasagem nos números.

“Pela tragédia da pandemia, temos mais óbitos do que nascimentos. Mas isso é um tipo de informação, é um registro civil. O atestado de óbito é imediatamente necessário — para fazer as despedidas, enterro, inventário. O registro da certidão de nascimento pode esperar. Se eu tivesse tido um filho sete meses atrás, ele estaria sem registro até hoje”, explicou Besserman, no episódio desta segunda (12) do podcast O Assunto.

Fonte: G1 Rio

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