Correio 24 Horas – Quem são os influencers por trás dos nomes mais registrados na Bahia em 2023?

Famosos que compartilham a rotina com os filhos influenciam na escolha dos baianos

 

Não é exagero dizer que Liz Improta Santana já nasceu influenciadora. Desde a barriga da mãe, a menina, fruto da relação de Lore Improta e Léo Santana, já era acompanhada por milhares de pessoas. Com dois anos, Liz esbanja simpatia nas redes sociais e a afeição pela criança motiva pais e mães baianos a darem o nome da menina a suas filhas. Prova disso é que o nome, que antes do nascimento sequer aparecia entre os dez mais usados na Bahia, foi o quinto mais registrado neste ano no estado.

 

Nasceram neste ano na Bahia 1.042 meninas batizadas com o nome Liz, de acordo com a Associação dos Registradores Civis das Pessoas Naturais do Estado da Bahia (Arpen-BA), que divulgou os nomes mais escolhidos neste ano no estado. Em Salvador, onde Lore e Léo vivem, a incidência do nome é ainda maior, ocupando o terceiro lugar do ranking. Com 222 registros, Liz só fica atrás de Helena (253) e Laura (226) na capital baiana.

 

A mini influencer nasceu em setembro de 2021 e, naquele ano, o nome Liz não aparecia entre os mais registrados no estado. Os vídeos engraçados da pequena encantam e ela tem Instagram próprio, onde acumula mais de 830 mil seguidores. O movimento de dar nomes de famosos aos filhos não é novidade. A atriz Claudia Raia ficou famosa por influenciar pais de todo o país depois de batizar o primeiro filho de Enzo, em 1997. O nome era pouco utilizado até então. Entre 1930 e 1980, foram 1.135 registros, contra os 44.056 entre a década de 90 e os anos 2000.

 

O que muda com a nova tendência é que os artistas de televisão agora dão espaço para os influenciadores que compartilham detalhes das suas vidas em seus perfis nas redes sociais. Para isso, não basta colocar uma criança no mundo, é preciso criar identificação e afeição com o pequeno ou pequena e seus seguidores. A relação começa a ser criada desde antes do nascimento com o anúncio da gravidez e as grandes festas em que o sexo do bebê é revelado – tendência apelidada de “chá revelação”.

 

Quando Virginia Fonseca, uma das maiores influenciadoras do país, teve a primeira filha, Maria Alice, em maio de 2021, o nome composto já era comum na Bahia. Ele ocupava o sexto lugar no ranking, mas o ‘boom’ veio no ano seguinte, quando Maria Alice foi o nome mais registrado entre os baianos. Em 2023, ele aparece em segundo lugar, com 1.238 registros, atrás apenas de Helena (1.286).

 

“No contexto de novas mídias digitais e imersão nos conteúdos online, os influenciadores aparecem como novos líderes de opinião. Eles têm uma dimensão significativa na vida dos seguidores e é criada uma relação de proximidade”, afirma Allana Gama, formada em Relações Públicas e que fez sua tese de mestrado sobre comportamento de influenciadores no Instagram.

 

Pelo terceiro ano consecutivo, Gael foi o nome masculino mais registrado na Bahia. Só em 2023 foram 2.207 registros. O período coincide com o crescimento da exposição do filho do youtuber Christian Figueiredo e da cantora Zoo, que nasceu em 2019 e foi batizado com o mesmo nome. Hoje, o menino já acumula mais de 2 milhões de seguidores no Instagram. 

 

“Os seguidores acompanham não só a rotina, mas o crescimento da criança através das redes sociais. Isso cria admiração e afeto, que podem justificar a escolha dos nomes”, completa Allana Gama.

 

A tendência que se repete em todo o Brasil, sejam os pais famosos ou não, é a de batizar os filhos com nomes curtos, originais e bíblicos. Nessa lista entram Theo, Miguel, Heitor e Arthur, além dos femininos Helena, Laura e Alice. Outro nome que ganhou fama entre os baianos em 2023 foi Ravi, que aparece em sétimo lugar no ranking com 1.399 registros. Em 2020, ano que o filho do DJ Alok e a médica Romana Novais, o nome aparecia na 21º posição.

 

“Vemos que a Bahia segue um padrão nacional, são nomes mais curtos e que tem influência de famosos. A sociedade reflete o que consumimos na mídia e as pessoas que se destacam influenciam as escolhas”, diz Andreza Guimarães, diretora da Arpen-BA.

 

Há dez anos, quando os influenciadores das redes sociais não tinham a dimensão de hoje, a fotógrafa Maína Diniz, 38, resolveu batizar o filho de Gael. Foi uma homenagem ao seu primeiro cachorro, que teve quando era criança. Com o passar dos anos, a mãe, que teve durante toda a vida um nome incomum, percebeu que a tentativa de ser “diferentona” não deu certo.

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