31/05/2021 – A Tarde – Mortes por Covid na Bahia já se avizinham ao total de 2020

Dos 417 municípios da Bahia, 124 registraram mais óbitos por Covid-19 em 2021 do que em todo o ano passado. O número representa cerca de 29,7% das cidades baianas. Os dados foram obtidos em levantamento feito por A TARDE no Portal Transparência dos Cartórios de Registro Civil, no último dia 28. O sistema permite acompanhar em tempo real os registros de mortes causadas pelo novo coronavírus.

Na análise geral da Bahia, os registros de mortes por Covid-19 acumulados em 2020 ainda não foram superados, mas estão próximos. No ano passado, o estado chegou a 9.083 óbitos descritos pela doença. Em 2021, até o dia 28 deste mês, foram contabilizados 9.026 mortes causadas pela pandemia.

Para Daniel Sampaio, presidente da Associação dos Registradores Civis das Pessoas Naturais do Estado da Bahia (Arpen-BA), o avanço do registro de mortes causadas pela Covid-19 em 2021, ano que está apenas com cinco meses incompletos, serve de “alerta” sobre a situação da pandemia. De acordo com a Arpen-Ba, os meses de março, com 2.885 óbitos, e abril, com 2.152, são os dois maiores recordes históricos no estado.

“Os levantamentos nos dois últimos meses, março e abril, foram os mais fatais. E embora as pessoas acreditem que estamos no final ou acabando a segunda onda da pandemia, os números desses dois meses demonstram que a gente precisa redobrar os cuidados. Com a chegada do São João, onde existe um maior movimento para as cidades do interior, a gente torce para que o respeito aos protocolos sanitários seja regra. A gente nunca fica feliz em registrar um óbito no cartório, pois ali está o ente querido de uma pessoa. Por isso, com a luta e colaboração de todos, inclusive do poder público, não vejo a hora de falar sobre a queda desses números na Bahia”, diz Sampaio.

Fatores

O infectologista Robson Reis, professor da Escola Bahiana de Medicina, explica que o comportamento de uma pandemia depende de diferentes fatores. Entre os principais, está o comportamento da população, orientações e ações dos órgãos públicos de saúde, esquema de imunização populacional.

“Ao olhar para o começo, é possível afirmar que a pandemia surpreendeu pela sua duração e quantidade de pessoas acometidas, o que também vai gerar um maior número de mortes. De um modo geral, a pandemia tem se mantido com uma média de letalidade de 2,5% no país. No entanto, vale ressaltar que esta taxa é alcançada pela relação entre o total de casos e óbitos. E como a gente não tem um número ideal de testagens da população, é possível que a média de letalidade seja um pouco maior”, afirma Reis.

Diante de registros de óbitos que ligam o alerta sobre a pandemia na Bahia, Reis acrescenta que é preciso reforçar cuidados como o uso de máscaras e o distanciamento. E caso as medidas de proteção não sejam adotadas, mais vidas serão perdidas em uma terceira onda, que será puxada com a sombra das variantes do novo coronavírus.

“As variantes do novo coronavírus são mais contagiosas. E apesar de não existir ainda comprovação científica de que são mais letais, na prática, elas aparentam ser. Cabe ao Poder Público, em especial os órgãos de saúde, o rastreamento e bloqueio de variantes nas cidades baianas. Além disso, é essencial acelerar o processo de vacinação para que 70% da população fique imunizada, ao menos. Esta margem garante o que chamamos de imunização coletiva”, conclui Reis.

Para quem completou o esquema vacinal contra a Covid-19, o infectologista reforça a necessidade de permanência dos cuidados indicados pelos órgãos de saúde, a exemplo de evitar aglomerações. Os hábitos devem seguir até que a imunização coletiva seja alcançada.

Fonte: A Tarde

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *